quarta-feira, 21 de julho de 2010

Estudantes escrevem mais do que nunca




Muitos lamentam o declínio da qualidade da escrita atual, e temem que a internet esteja "emburrecendo" os escritores em todo lugar - mas o quadro não é tão pessimista assim. Um estudo feito na Universidade de Stanford, que durou seis anos, coletou e analisou 15 mil escritos de estudantes, e outro estudo nos EUA inteiro, com calouros de faculdades, mostraram que os estudantes estão escrevendo mais do que nunca, e que estão cometendo mais ou menos o mesmo número de erros por cada centena de palavras que alunos de mesma idade nos últimos 200 anos.
    Aliás, o pessimismo não combina com esses novos tempos. Estamos no meio da maior revolução da literatura desde a ocorrida na Grécia Antiga. Para a geração atual de estudantes, criados e educados em uma cultura de Facebook, Twitter, saraus, fanzines e toda a internet, escrever não é mais uma atividade robusta, preto e branco: escrever hoje é multicolorido, oral e plenamente integrado com áudio e vídeo.
   Estudantes acostumados a produzir conteúdo na internet e a compartilhá-lo com públicos em todo o mundo estão utilizando as ferramentas da escrita para se expressar por novos e diferentes caminhos, por onde suas vozes possam fazer diferença. Quando foi pedido aos estudantes da pesquisa de Stanford que definissem a boa escrita, eles disseram, várias vezes, que "a boa escrita é aquela que faz algo acontecer no mundo". Esse é exatamente o tipo de escrita que jovens eleitores fizeram durante a campanha presidencial americana em 2008. E é o tipo de escrita que os iranianos fizeram durante a recente eleição, usando celulares para mandar mensagens e organizar protestos quase que instantaneamente.  
   A escrita digital também abre espaço para um novo tipo de brincadeira com as palavras que se integra às habilidades literárias dos jovens. A escrita está mudando, permitindo mais inventividade e flexibilidade e alcançando públicos cada vez maiores. Essa é uma conclusão bem diferente do precipitado "declínio da qualidade da escrita" que preocupa tanto os críticos. A tecnologia não está arruinando a escrita; ela está mudando a forma de escrever de maneira profunda e excitante.

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